domingo, 26 de fevereiro de 2012

Planejamento de atividades para aulas de matemática: Vamos às compras!


Um brechó em sala de aula é uma boa atividade para trabalhar o campo aditivo com as turmas de 1º e 2º anos.



Propor uma atividade na sala de aula para que os alunos atuem como compradores e vendedores é uma prática adotada por muitos professores do Ensino Fundamental a fim de trabalhar conteúdos como soma e subtração. Os alunos organizam o bazar, se divertem, compram vários objetos, calculam o troco e o total das compras de diversas maneiras... Mas cabe ao professor observar como eles atuam, quais as dificuldades que surgem, como e se elas são solucionadas para, com base nisso, propor discussões posteriores que levem a garotada a avançar na aprendizagem. O objetivo desse tipo de atividade é a discussão das estratégias utilizadas para calcular. É proveitoso realizar o bazar na escola em função dos problemas matemáticos que são possíveis propor durante o seu funcionamento e não porque é uma situação cotidiana. 



Comparação de valor


Foto: Rodrigo Eribe
Durante as compras, as crianças chegam à quantia cobrada de diferentes maneiras. Socialize os exemplos e mostre que vários deles são corretos.
Conteúdos em cena 

A educadora Delia Lerner esclarece no livro A Matemática na Escola: Aqui e Agora que, de fato, as situações cotidianas ajudam a contextualizar os conteúdos, facilitam a tomada de consciência da utilidade da Matemática no âmbito extra-escolar e levam as crianças a se interessar pela disciplina. Mas outro benefício que essas práticas proporcionam - e que deve ser uma das prioridades do professor - é saber como as crianças lidam com as situações que envolvem, nesse caso, o campo aditivo: a adição e a subtração.



O trabalho com o sistema monetário numa situação de compra e venda tem como objetivo ensinar aos estudantes das séries inciais os seguintes conteúdos: 



- Equivalência: 8 é igual a 5+2+1, 2+2+2+2, 1+1+1+1+1+1+1+1, 10-2, 3+3+3-1. Os exemplos podem surgir durante o manuseio das cédulas que imitem as verdadeiras nas compras ou em situações hipotéticas. 

- Sobrecontagem (considerar um dos números e continuar contando a partir dele: para adicionar 3 a 2, conta-se a partir do 3, passando pelo 4, até chegar ao 5, em vez de contar 1, 2, 3 e depois seguir 4 e 5). Alguns alunos passam da contagem para a sobrecontagem sozinhos, mas em alguns casos o professor precisa intervir: "Se eu quiser saber quanto é 350+20, terei de contar nos dedos até 350?" .Outra expectativa é que percebam que a sobrecontagem tem resultados mais precisos. 

- Memorização de alguns resultados, como 10+10=20 e 5+5=10, trabalhados com o manuseio das cédulas. O professor deve perguntar quais resultados o grupo já sabe, além dos alcançados com as notas. Tudo deve ser registrado num cartaz que ficará exposto na sala.. 

Compra casada



Foto: Rodrigo Erib

Ao adquirir dois ou mais produtos, os alunos realizam adições para calcular o total do gasto. Peça que expliquem como alcançaram os resultados.


Durante o brechó, além de atuar como observador, o professor pode fazer algumas intervenções, sem interromper as compras, para descobrir o raciocínio feito pelas crianças e até solucionar dúvidas sem apresentar as respostas diretamente, incentivando a utilização de outras estratégias. As questões e os comentários devem ser apresentados individualmente ou a grupos pequenos: 



- Comparar as maneiras encontradas pelos alunos para comprar um objeto, compondo a quantia de forma variada: "Você comprou uma boneca por 36 reais com três notas de 10 reais e seis de 1 real e sua colega adquiriu outra igual pelo mesmo valor usando uma cédula de 20, uma de 10, uma de 5 e uma de 1". 

- Perguntar de que forma realizaram os cálculos para comprar dois produtos: "Como você fez para determinar o valor total da compra de um carrinho que custa 8 reais e uma bola de 5 reais?" . 

- Provocar a antecipação de cálculo: "Se você comprar um macaco de pelúcia que custa 33 reais com uma nota de 20 e sete de 2, receberá troco?". 

Se alguém apresenta dificuldades, o professor pode até apontar a solução dada por outro aluno, mas, se surgirem erros, ele não deve corrigi-los, e sim aproveitar para problematizá-los com mais indagações: "Como você vai conseguir comprar um pião que custa 15 reais se tem só 5 reais?" 

Cálculos independentes 
Depois de observar as estratégias adotadas pelos alunos, o passo seguinte é trabalhar o conteúdo sem as cédulas para desvincular o conhecimento da situação de compra e venda. O professor deve expor as ocorrências do brechó e outras hipotéticas. São opções a compra de dois objetos de mesmo valor e o uso do troco para adquirir outro produto. Depois, deve ser aberta a discussão para que as soluções das crianças sejam compartilhadas. Para finalizar, é importante sistematizar, ou seja, registrar tudo em cartazes e deixá-los expostos na sala de aula para que a turma tome consciência do que aprendeu. 

BIBLIOGRAFIA 
A Matemática na Escola: Aqui e Agora, Delia Lerner, 192 págs., Ed. Artmed, 

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